quarta-feira, 20 de abril de 2011

Um amor para recordar...

"Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?
  E quem irá dizer que não existe razão?" [Eduardo e Mônica - Legião Urbana]

Seis anos era a nossa diferença de idade, SEIS ANOS! Ele 17 e eu 23, ele a pessoa mais inteligente com quem já convivi e eu pseudo-intelectual, ele bom escritor e eu admirador, ele cabeça dura e eu pacato, ele blasé e eu ansioso. Estas são poucas coisas que me lembram ele, o digníssimo ex.

O "falecido" Orkut me proporcionou diversos prazeres, como conhecer muita gente bacana e um deles foi a pessoa que me fez perder o chão. Quatrocentos quilômetros era a distância que nos separava e a webcam nos fazia ficar horas e horas sem fim, conversando, mostrando coisas, rindo, as vezes chorando ou simplesmente passar a madrugada toda somente observando um ao outro.

Quando eu finalmente pude conhecê-lo pessoalmente, era época de carnaval e a cidade onde ele morava estava um caos, mas mesmo assim, não nos impediu de sairmos e conversarmos muito sobre nossa situação. Houve momentos em que tive de me segurar muito para não me jogar nos braços dele no meio da rua, dentro do ônibus/taxi ou em algum barzinho.

Me recordo perfeitamente o momento em nos beijamos pela primeira vez. O mundo simplesmente parou naquele momento, eu tremia, suava, o abraçava com tanta força, tanta vontade de tê-lo junto a mim, não conseguia pensar, muito menos respirar, só queria curtir aquele momento onde senti reciprocidade no beijo.
Devido a grande distância, somente era possível nos vermos 1 vez ao mês. Cada vez que nos encontrávamos, era a mesma sensação do primeiro beijo. O abraço dele me confortava de uma tal forma, que eu esquecia o mundo todo.

Mas o momento da despedida, era simplesmente devastador. Do momento em que eu sentava no banco do ônibus para voltar a minha realidade, eu passava chorando até o momento de chegar em casa. A sensação de não tê-lo perto de mim quando eu precisasse, não poder sentir aquele perfume que me encantava quando eu o abraçava fortemente, não sentir seus lábios nos meus, o calor do corpo junto ao meu, seu coração batendo forte junto ao meu, seu sorriso sem graça, a serenidade que transmitia quando estava dormindo, era totalmente perturbadora.

A distância nos fazia pensar coisas que não aconteciam, nós mascarávamos demais a realidade e isso acaba saturando e desgastando demais um relacionamento, principalmente no nosso caso, a distância.
Foi com o coração sangrando e despedaçado que após 8 meses juntos, que resolvi terminar com todo este sofrimento e perturbação de ambas as partes, e também por motivos particulares que não vem ao caso.

Assim, como no começo do texto, escrevi um trecho de uma música do Legião Urbana, termino o mesmo texto (chorando) com vídeo de uma música da mesma banda.

18 comentários:

  1. Eduardo:
    Obrigado por partilhar estes momentos de sua vida.
    Me faz bem ler o que você escreve.
    Sua sensibilidade emociona.
    Um abraço com carinho
    JJ

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  2. Olá JJ, obrigado pelo comentário!

    Infelizmente, não pude dar maiores detalhes sobre este período ou maiores informações, pois prezo pelo anônimato das pessoas aqui citadas. Fico feliz demais e agradeço suas palavras de carinho!

    Forte abraço,
    Eduardo.

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  3. Olá Eduardo!
    Bom, é a primeira vez que eu visito o seu Blog a partir de um endereço que encontrei no orkut, e tenho que dar-te os parabéns porque o seu Blog está ficando incrível. Li todos os seus relatos e gostei muito do poema! A minha situação é bastante diferente da dos demais inclusive da sua; eu tenho apenas 16 anos mas já conversei com toda a minha família sobre a minha opção sexual e vivo extremamente bem com a minha orientação. Ao ler estes textos até penso que você deve sofrer mais com isto do que eu propriamente. Tenho amigos e já tive namorados na sua situação mas não imaginava que fosse tão complicado. A única coisa que eu posso dizer é para que não se preocupe demais com o julgamento alheio se não dificilmente você poderá ser feliz consigo mesmo, para mim também não foi nada fácil mas eu tive que aos 14 anos encarar a realidade e me expor a esta posição e não me arrependo de o ter feito. Hoje em dia nem moro com minha mãe e sim com uma tia minha e o pior de tudo é que não estou no Brasil e a minha mãe está, e isso também mexeu bastante comigo pela fragilidade em que eu me encontrava; mas estou com uma vida estabilizada e dou-me muito com com a minha tia acho que até mais do que se eu fosse heterossexual. Já chega não é? rsrs
    Beijos e boa sorte!

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  4. Olá Bruno!

    Obrigado pelos elogios,rs.
    Nossa, já aos 16 anos assumido? Na verdade nem sei muito sobre o que pensar sobre isso. Você teve seus motivos e coragem suficiente para fazê-lo e eu lhe dou os parabéns, mas não seria algo que eu faria assim tão cedo.
    Pela forma que descreve, vejo que sua família foi bem receptiva e acolhedora quanto a sua situação, porém na grande maioria das famílias de pessoas que vivem no armário, não é assim.
    Venho de uma família tradicional e religiosa que reprime e não aceita qualquer tipo de comportamento diferente para a sociedade.
    Pensei muito mais também sobre minha vida fora do vínculo familiar, como na escola e no trabalho (ainda mais, pela posição que ocupo na empresa).
    Sofrer? Não digo que sofro, pois tenho alguns amigos que sabem de minha situação e quando preciso desabafar, tenho eles do meu lado e vice-versa, mas gostaria de viver uma vida sem mentiras e poder ir e vir sem ser julgado por ninguém (o que é praticamente impossível neste caso).

    Obrigado pela visita Bruno,
    volte sempre que puder!
    Forte abraço,
    Eduardo.

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  5. meldels!!!!
    duuuuu q gracinha
    fica assim não moço, amores vem e vao
    mas só de vc ter tido um amor verdadeiro assim me inspira mto =) talvez algum dia eu encontre o meu
    abç

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  6. N.B. meu querido!

    As vezes me bate uma tristeza, uma saudade sem tamanho, mas estas coisas fazem parte da vida e devemos sempre aprender com elas.
    Com certeza vc achará a sua metade, meu querido! Basta ficar de olhos e ouvidos bem atentos, pois o amor pode estar bem do seu lado, rs.

    Obrigado pela visita, lindão!
    Forte abraço,
    Eduardo.

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  7. "A distância nos fazia pensar coisas que não aconteciam, nós mascarávamos demais a realidade e isso acaba saturando e desgastando demais um relacionamento, principalmente no nosso caso, a distância."

    Cara, isso é exatamente o que aconteceu comigo. Entretanto, nossa distância era de 2000 km.
    Foi o primeiro e único cara pelo qual me apaixonei.
    Também venho de família tradicional e absolutamente ninguém de meus amigos sabe sobre mim.
    Como você disse, às vezes bate uma tristeza...

    Obrigado pela atenção!

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  8. Não sei por que, mas mesmo sabendo os mecanismos textuais, as formas de se criar e recriar uma realidade, mesmo que seja um depoimento há a presença do imaginário do ser que fala/ escreve, eu não consigo evitar a catarse.

    No início do texto vi-me na mesma situação... Não passei pela experiência da distância, muito menos a de namoro... Mas me vi em muitas linhas e isso já basta para mim... Era quase como se eu mesmo estivesse contando certas passagens, porém um pouco diferente... Sai do armário bem cedo, então a coisa piora um pouco kkkkkkkkk

    Gostei do blog, da proposta e de como você escreve! É raro hoje em dia...
    Estarei sempre por aqui. Virou um dos meus favoritos.

    Obrigado pela sua visita ao De Cara no Armário
    Toda semana tem um texto novo sempre aos domingos
    E de vez enquanto eu dou um bônus durante a semana rsrs.

    Um grande abraço!

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  9. Olá Anônimo!

    É cara, a distância perturba demais. Com 400Km eu conseguia ve-lo somente 1 ou 2 vezes por mês, não consigo me imaginar em qualquer tipo de relacionamento amoroso com alguém que mora há 2000Km.

    Obrigado pela visita e volte sempre!
    Forte abraço,
    Eduardo.

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  10. Olá Carlos Roberto!

    Obrigado pelos elogios!
    Devo ressaltar aqui também o deleite que foi a visita ao seu blog! Textos muito bem elaborados, bem organizados e escritos de uma forma que prende a atenção do leitor! As opiniões, poesias e crônicas me chamaram muito a atenção!
    O De Cara no Armário também já é um dos meus favoritos e prometo visitar e comentar sempre que puder!

    Obrigado pelo prazer da visita!
    Forte abraço,
    Eduardo.

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  11. é bom saber que nao sou o unico a passar por isso.
    eu simplesmente estou sem chao. passando pelo momento do fim. é foda..
    obrigado pelos seus relatos, sao reconfortantes.

    WT

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  12. Olá WT!

    Este momento realmente nos entristece demais.
    Pense bem sobre este momento, neste momento, vc deve pensar com a cabeça e não com o coração!
    Vc tem de comedir os fatos e ver se realmente toda a situação que esta se passsando valha a pena!
    Estou aqui torcendo por vc, WT!

    Forte abraço,
    Eduardo.

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  13. também rockeiro e Legionario24 de abril de 2011 às 23:39

    Eduardo,

    Gostei muito do seu blog,Parabéns continue com este tão importante trabalho; acredito que esta é uma contribuição muito grande q vc dá à muitos meninos e meninas por este mundão a fora que vivem o mesmo dilema que vc.

    É super interessante observar que mesmo sem nos conhecer-mos, lendo suas postagens já encontrei dois pontos de vistas e duas situações que temo em comum rsrsrs a questão dos esteorotipos que a sociedade coloca e ques os gays adotam de ter q ouvir as divas e ser emo, falar escorregando e não gostar de futebol, rsrs, eu curto rock, gosto de esportes de homens e tenho atitudes de homens, a unica "diferença" que eu considero ter dos heteros é que eu gosto de Homens e não de mulheres.

    Quanto à musica "Vento no Litoral", eu e um carinha que se diz hetero(mas que tenho lá minhas duvidas) já passamos noites e mais noites no msn ouvindo e comentando sobre cada palavra usada pelo Renato Ru//o na composição e homenagem ào Robert Scoot.Eu e esse meu amigo q se tornou "amado-desejado"rsrs, sem deixar de ser amigo nos conhecemos também por ironia do destino e há 3 anos vivemos esse amor de armário, rsrs, sem nenhum dos dois ter coragem de sair ou tocar no assunto, quem sabe um dia o faremos e seremos mais felizes ainda, mas "até láh, vamos viver, temos muito ainda por fazer...apenas começamos"

    A questão dos comentarios no serviço e das famosas pergutnas também é muito comum de acontecer comigo, não é facil contornar estas situações, mas Deus dá forças e com bastante coerencia tenho obtido sussesso e me manter dentro do armario tem sido a melhor opção.

    vou continuar acompanhando o blog, gostei muito parabéns!!!

    mande seu contato ae pra q possamos conversar mais vezes

    t+, Boa sorte
    Força sempre !!!

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  14. Olá Rockeiro Legionário!

    Obrigado pelos elogios ao blog! É muito gratificante ver que as pessoas estão gostando e se identificam comigo! É uma prova que por mais que passemos por diversas situações e achemos que acontece somente conosco, vemos que há pessoas na mesmo situação. Uns mais simples, outros mais complicados, porém não sozinhos no mundo.

    O twitter do blog é: @EduardoOuttakes
    Email: myouttakes@gmail.com
    Ainda não criei um MSN para o blog e nem sei se o farei, pois não gosto muito de bate-papo no MSN, rs. Como dizem meus amigos, sou um velho chato que não gosta de nada!

    Obrigado mais uma vez pela visita e volte sempre!
    Forte abraço,
    Eduardo

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  15. Olá! um vento me trouxe aqui... ;-)

    Bom, na verdade não foi o vento, foi a curiosidade mesmo... mas ainda bem que vim, muito bacana teu texto, impossivel não se identificar! Eu passei por uma situação parecida... não eram 400km mas hoje tenho a consciência que muitas vezes a quantidade de quilometros é irrelevante ao desenrolar dos fatos...

    No meu caso, ninguem colocou um ponto final em nada, as coisas apenas foram...o que as vezes me leva a um limbro de incertezas. Mas cá estamos tentando fazer o melhor a cada dia e esperando que no final tudo realmente de certo.

    Volto com mais calma depois e aproveito para deixar o convite para você visitar o bloguinho. Temos bastante coisas em comum...

    Abração!

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  16. Olá latinha!

    Você está totalmente correto quando diz que devemos a cada dia dar no nosso melhor, porque sim, temos a esperança que no fim das contas, tudo de certo.

    Obrigado pelos elogios e pela visita, apareça sempre que puder! Com certeza irei visitar o seu blog e deixarei lá meu comentário!

    Um forte abraço,
    Eduardo.

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  17. Que bacana a história cara. Também ja escrevi alguns fatos, paqueras virtuais, cujo o encontro rolou apenas amizade mesmo, nada de algo intenso e bom como sua historia...
    Que bacana que tu teve bons momentos com o garoto...
    Forte abraço!

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  18. Fala Ro Fers!

    Sim, inegavelmente foram bons momentos que passamos. Foi muito bom enquanto durou. Pena que a amizade não pudemos manter.

    Obrigado pela sua visita cara! Sinta-se a vontade de voltar sempre que quiser!
    Gostei muito do seu blog e da forma como descreve os acontecimentos. Literalmente instigador.

    Forte abraço,
    Eduardo.

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